25.4.10

O frio, e especialmente a chuva, marcaram presença este sábado no segundo dia da I Edição da Feira do Livro de Maputo que hoje (domingo) termina, afastando assim algum público do certame. Apesar disso, Calane da Silva, um dos principais organizadores, afirmou ao SAPO MZ que, pela ronda que tinha efectuado pelos stands, as editoras mostravam-se contentes com o ritmo de vendas. “Muitos deles [stands] disseram-me que estão a vender bem. Penso que está tudo a correr muito bem e as actividades culturais paralelas também têm animado muito a feira.”


No dia de ontem, em relação às actividades culturais, o destaque foi para a música ao vivo interpretada pelo grupo Timbila Muzima e para a conversa com os escritores moçambicanos editados pela Ndjira – editora recentemente adquirida pelo grupo português Leya – uma dos stands com maior representação no evento.


A conversa com os escritores decorreu num tom de grande informalidade tende-se estabelecido um corrente de comunicação muito interessante entre os autores e o público leitor que ocupava a totalidade das cadeiras da assistência. Cada um dos quatro escritores foi defendendo o seu ponto de vista. Mia Couto foi peremptório: “O que importa é o nosso trabalho, os nossos livros, e não nós.” João Paulo Borges Coelho defendeu que “a literatura, tal como as ciências, não tem fronteiras. Nós é que lhes colocamos barreiras. Mais adiante, confrontado se era afro-optimista ou afro-pessimista Borges Coelho referiu: “O que me deixa mais optimista em África é a sua juventude. Este continente é fábrica de juventude. Reparem que 80% da população deste país já nasceu depois da independência!”


Paulina Chiziane, a única mulher entre os homens, foi quem arrancou mais gargalhadas à assistência ao confessar que durante a adolescência e juventude roubou muitos livros numa livraria do Alto Maé. “Era a única forma que tinha de ler. E hoje, naquelas condições, voltaria a fazê-lo (risos). Se não o tivesse feito provavelmente não seria hoje escritora. A quem a acusa de ter uma escrita demasiado femininista, Paulina defendeu-se: “Engraçado mas ninguém diz que o Mia Couto tem uma escrita machista! Nos meus livros há mais personagens femininas porque este é o universo que melhor conheço, por ser mulher é o mundo em que estou mais à vontade.”


Calane da Silva, o mais velho do grupo, preferiu elevar a multi-culturidade do Moçambique, “um dos grandes factores da nossa riqueza e o que nos distingue de muitos outros países. Alertou também para a distinção entre colonialismo e as pessoas que viveram em Moçambique durante colonialismo. “Muitas delas prestaram enormes serviços ao país e não devia ser esquecidas, porque não podemos apagar a nossa memória. O almirante Gago Coutinho, por exemplo, é de elementar justiça que continue a dar o seu nome a uma rua da cidade, porque prestou grandes serviços a nível da geografia e cartografia.”


O dia terminou com um monólogo interpretado pela actriz Lucrécia e com declamação de poesia.

Cristóvão Araújo

 

Sapo MZ  

 

link do postPor Panguanita, às 11:27  comentar

De ISABEL a 13 de Maio de 2010 às 22:10
Sou brasileira, actualmente estou residindo em Moçambique e a feira do livro para mim foi um evento maravilhoso, pois pude conhecer as obras dos escritores locais, em especial as obras da escritora Paulina Chiziani . Eu fiquei encantada com a sua entrevista, actualmente estou lendo o seu livro NIKETCHE ..é uma verdadeira viagem. Muito bom.
Valeu.
Isabel Sousa

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